A Floresta Nacional do Araripe voltou ao centro das preocupações ambientais no Cariri. Somente em 2025, 76 hectares da unidade de conservação foram consumidos pelo fogo, de acordo com levantamento do ICMBio Araripe. O número representa um aumento de 94% em relação a 2024, quando 39 hectares foram atingidos.
Outras áreas da Chapada também sofreram com as chamas. No Refúgio de Vida Silvestre do Soldadinho do Araripe, espécie criticamente ameaçada, 20 hectares foram queimados. Já a zona de amortecimento da Flona registrou o maior impacto: 123 hectares destruídos.
Em entrevista à rádio CBN Cariri, o chefe do ICMBio Araripe, Carlos Augusto Pinheiro, explicou que o avanço das queimadas está ligado à combinação de secas mais intensas e práticas humanas inadequadas. “A cada ano, os incêndios têm ficado mais severos, ou seja, mostra que a floresta está secando, o clima está mudando e isso evolui para dentro do tipo de queimada e os incêndios que estão ocorrendo aqui na nossa região”, afirmou.
Segundo o gestor, a maior parte dos focos começa nas bordas da floresta, consequência de atividades no entorno: limpeza de terrenos para expansão urbana, uso de fogo em brocas agrícolas sem aceiros e até práticas de apicultores que deixam tochas incandescentes após capturar enxames. Uma dessas ocorrências provocou o maior incêndio do ano, 48 hectares, entre Jardim e Porteiras.
O fogo reduz áreas de vegetação contínua e transforma a Flona numa “ilha” cercada por pastagens, o que força animais a migrarem para áreas urbanas. “Além de matar os que não conseguem fugir desse incêndio, a gente começa a empurrar os animais que conseguem se deslocar para fora dessas áreas”, explicou Pinheiro.
Carlos Augusto ressaltou que a capacidade de resposta está aquém do necessário. Tanto o ICMBio quanto o Corpo de Bombeiros precisam priorizar ocorrências conforme o risco imediato à Flona. Ele também defende a ampliação das brigadas municipais em Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha e Santana do Cariri, reforçando que a proteção da primeira floresta nacional reconhecida por lei federal depende de ação conjunta.
As informações são da Rádio O Povo CBN Cariri


